terça-feira, 2 de março de 2010

A língua portuguesa e a redação oficial

Maria Inez silva Queiroz



A nossa Constituição, ao ser elaborada, foi acometida por erros gramaticais em tal profusão que necessário se fez recorrer ao renomado professor Celso Cunha para proceder a uma acurada revisão da sua ortografia. Mais recentemente, milhares de brasileiros viveram a expectativa causada por um ponto e vírgula na legislação que rege a lei da aposentadoria, questão essa amplamente divulgada na Imprensa Nacional.

No Maranhão, convencionou-se denominar São Luís de Atenas brasileira e berço do melhor português, hoje, porém, criticado por estudiosos que denunciam a falta de zelo para com o vernáculo.

Deparamo-nos, constantemente, com entraves causados pela inobservância das normas nas correspondências oficiais por parte de pessoas que ocupam níveis superiores de gerenciamento, as quais, levadas pela pressa e automatização dos serviços, assinam correspondências sem perceber que a língua é algo sistematizado, fruto de um pensamento organizado e requer, sobretudo, ordem sintagmática e coerência.

Tais pessoas, em geral técnicos e burocratas, não possuem o grau de estudo aprofundado da Língua Portuguesa necessário a uma correta e adequada formulação do texto, o que os leva a incorrer em impropriedades linguísticas que tornam a redação oficial cada vez mais cheia de jargões e termos obsoletos, culminando num verdadeiro compêndio ultrapassado.

Segundo MENDES, “...a clareza e a concisão na forma escrita são alcançados pela construção adequada da frase.”

Em, aproximadamente, setenta por cento (70%) das correspondências que circulam no meio institucional é comum encontrar-se o uso das forma de tratamento de modo inadequado, tais como: DD. MD., Ilmº., etc., para enfatizar a importância dos cargos públicos exercidos por pessoas que dispensam tal tratamento. Denota-se, então, que não há uma devida preocupação por parte dos técnicos em reciclar seus conhecimentos.

No tocante à correspondência bancária, é natural administradores, engenheiros, matemáticos ou até mesmo uma secretária, cuja formação acadêmica é alheia a esse processo, serem incumbidos dessa tarefa, que é própria de redator e, com isso, são levados a infringir as exigências ditadas pelas normas gramaticais, tornando-se, ab absurdo, um processo contínuo e referencial para futuras correspondências.



MARIA INEZ SILVA QUEIROZ é Licenciada em Letras pela UFMA, Especializada em Didática Superior, Acadêmica de Direito e Membro da Academia Atheniense de Letras e Artes de São Luís – AALA.

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